quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Grande medo

Estamos correndo risco querem levar nosso Francisco;

precisamos de compreensão não queremos nem ouvir falar em transposição;

por favor ouça-nos homens de bem, não queremos ver o mar salgar nosso ribeirão.

Um mal irremediável


Com a construção da hidrelétrica de Xingó o rio perdeu sua força, não temos mais cheias por aqui, coisa que era frequente todos os anos. Perdemos o povoado Cabeço, onde hoje só resta o farol, sem

falar nos peixes que diminuíram sua reprodução. Ainda se fala numa tal transposição, se isso acontecer há o risco de acabar com toda nossa cultura pesqueira e vamos ter que recomeçar uma

nova cultura, pois o nosso rio não precisa de transposição e sim de uma verdadeira revitalização.

Os mitos e lendas

As pessoas falam que quem mente conta estória de pescador mas nem sempre um conto de pescador é uma mentira, fique sabendo aqui alguns exemplos:

Eu estava acampado numa aldeia de pescadores quando vi um cachorro pular na água para tentar pegar um cardume de peixes que brincavam em frente a aldeia, não conseguindo voltou para o porto assim que seu dono o chamou;

Falam por aqui que o compadre que transa com a comadre vira fogo corredor, uma bola de fogo que acende assim que os dois dormem, mas isso é conversa fiada que inventam para assustar os filhos de pescadores.

Contam também que nas noites de lua cheia aparece o negro d'água, que é metade homem e metade peixe. Isso é um mito usado para espantar os pescadores medrosos de alguns pontos tradicionais de pesca.

Certa vez uma criança de aparentemente oito anos pescava distraída quando sem querer conseguiu fisgar um bagre pelo rabo.

Essas são algumas das muitas estórias de pescador mentirosas e verdadeiras que se contam por aqui.

As marisqueiras


As marisqueiras são as mulheres de pescadores que desenvolvem o trabalho manual de limpar o peixe, descabeçar o camarão e a pilombeta e quebrar o siri ou sururupara fazer o filé de siri e sururu. É um atividade pouco remunerada, mas que serve de complemento na renda da família. Esse trabalho é mais encontrado nas cidades que tem grande número de pescadores. A pessoa que contrata esse tipo de serviço é o comprador de peixes que disponibilizam seus barracões para que sejam realizadas essas atividades. O pagamento é feito de acordo com a quantidade de quilos que as marisqueiras produzem.

O dia-a-dia do pescador

A vida do pescador esta relacionada com a espécie que ele pesca, o pescador de pilombeta, por exemplo, trabalha à noite e dorme de dia, isso acontece também com o pescador de robalo, pois essas espécies só são encontradas à noite ou nas épocas de cheias, quando as águas ficam barrentas e tanto a pilombeta quanto o robalo podem ser pescados de dia.

Ser pescador exige um dia inteiro de trabalho de uma pessoa pois aquele que pesca de dia, normalmente dorme a noite aquele que pesca pela noite precisa de uma boa parte do dia para dormir. Muitos não acreditam mas pescador é uma profissão que embora não tenha o valor que merece é a profissão que dá dignidade a muitos pais de família e tira muitos jovens das ruas aqui na região da foz do São Francisco.

Como é feita a pescaria


Aqui na região da foz do são francisco a pescaria é feita por maré, ou seja, cada espécie tem a sua maré ou estação de melhor produção. Por exemplo, a pilombeta surge mais no verão e quando a maré esta grande, já o robalo surge mais nas marés de noites escuras, a carapeba no inverno e por aí em diante...
Os pescadores se adaptam à pescaria de cada espécie, a maioria deles usa redes para cada época e cada espécie. Durante quase todo o verão o peixe mais pescado é a pilombeta, pois nesta época a pesca da maioria das espécies é proibida por conta da desova. A pilombeta, como se reproduz no mar, fica liberada durante o ano todo.
Nas outras épocas alguns dos pescadores preferem pescar robalo e carapeba que são conhecidos como o ouro do são francisco, pois são muito caros.

Números de pescadores e espécies existentes


Na margem de Alagoas há uma quantidade imensa de pescadores, essas pessoas passam o dia ou a noite inteira lutando para conseguir seu sustento. As espécies pescadas e comercializadas lá são a pilombeta, o xaréu, a pescada, o robalo, a carapeba e diversas outras espécies.

Já em Sergipe na cidade de Brejo Grande a quantidade de pescadores é menor, aqui as espécies mais pescadas são a pilombeta, o camarão e outras variedades de peixes como o tucunaré e a traíra.

Os peixes encontrados nessas regiões são exportados para várias cidades desses dois estados, principalmente para suas capitais, que recebem a maior parte das espécies.

Os pescadores das cidades de Brejo Grande e Piaçabuçu sustentam as mesas da maioria dos restaurantes das cidades de Aracaju e Maceió.

Obs: Hoje em dia devido à falta de trabalho as pessoas estão se tornando pescadores por falta de opção, causando assim um congestionamento de pescadores no rio são francisco.